O coelho fazia muitas coisas e queria fazer sempre mais. Queria ter tempo de tomar café com as amigas, aprender a mexer no Illustrator, costurar, desenhar, escrever - mas vivia se arrumando trabalhos chatos e desimportantes, que não deixavam nenhum tempo livre para nada disso.
Pior: o pouco tempo que sobrava era ainda assombrado por questionamentos existenciais idiotas, do tipo trabalhamos pelo dinheiro ou por imposição social?, temos o direito de simplesmente não trabalhar?, e outras bobagens afins que, muito embora perturbem verdadeiramente a cabecinha do coelho em questão, são implacavelmente taxadas de pequeno-burguesas por outros personagens do livro perfeitamente inseridos no mundo capitalista.
Era uma vez um coelho que um dia se perguntou tantas bobagens, mas tantas, que se esqueceu porque corria. E ficou acordado até uma hora da manhã desenhando e escrevendo, como se não houvesse amanhã.
6 comentários:
De vez em quando é bom esquecer das horas.
De vez em sempre é bom ler o que o coelho escreve.
Caiu como uma luva. Por que fazemos isso, hein?
Engraçado... há algum tempo acompanho seu blog, admiro, me divirto e me encanto com cada post, mas esse em especial veio bem a calhar. Cansei de brincar de ser coelhinho :)
beijos
hehehe... que coisa engraçada, acabei de ter uma crise histérica na hora do almoço exatamente por conta desse desespero com horários e com trabalho... Uma pena que o meu pequeno não durma muito à noite pra me deixar fazendo as coisas até a hora que der vontade...
Oi coelho!! Essa outra coelho assistiu Jornal Nacional e ficou escrevendo aqui.
Vai lá ver, acho que a vontade-de-jornal-nacional tem a ver com o coelho: é tarde, é tarde, é muito tarde! E a gente, às vezes, percebe a vida que nem suflê e esquece do que mesmo estava atrasada.
grande bj, estava com saudades!
Mirabelle, Cocobelle
Ah, coelhinho! Não deixe o tempo passar demais. Não deixe para trás o que é mais importante. Ganhe menos, mas viva as coisas que quer viver também. Às vezes, o tempo passa, a gente não percebe e perde a chance de fazer as coisas pequenas, aparentemente desimportantes, mas que fariam toda a diferença em nossas vidas.
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