terça-feira, janeiro 19, 2010

Alonzanfã

-Mamãe, põe Martôn, com a Mirelle.

E eu...: hã?

- A música da Fanfa!

Vendo que se tratava do hino, comecei a procurar no youtube. Nem bem as imagens apareceram na tela, as mãozinhas começaram a apontar: é essa, é essa, na frente da Torre Eiffel! Tipo eles estão íntimos da Mirelle Mathieu.

A culpa é da ditadura militar, que a minha geração cresceu sabendo de cor tudo quanto é hino - e gostando disso. Daí que a gente canta o hino nacional pros meninos. Tá, confesso, a patriotada é completa: a gente mostra pra eles no youtube, ensina a desenhar a bandeira, faz docinho brasileiro pra festa da escola, essas coisas. Curiosidade de expat exige, óbvio que eles também querem saber de tudo na versão francesa.

Bom, isso tudo pra dizer que agora eles saem por aí cantando uns pedaços da Marseillese. O que pode ser um problema - porque, no meio dessa crise de identidade que o país atravessa, o violento e discriminatório hino francês tornou-se um dos aspectos mais polêmicos da discussão. Nem os franceses cantam muito esse hino. E os dois: martôn!, martôn!

PS: Detalhe, eles não aprenderam o hino brasileiro. Mas também... margens plácidas, povo heróico e brado retumbante ainda não dá pra eles. Bora lá criançada da pátria acabou mais acessível.

7 comentários:

Unknown disse...

Lindos Carol!

Amanda disse...

Acho esses hinos ultra violentos. O da França então... Completamente fora da nossa realidade de hoje. Acho que deveriam fazer outra musiquinha.

Carol Nogueira disse...

Pra quem já tinha lido o texto e estranhou as mudanças: sim, eu editei. Eu nunca faço isso, mas estava me incomodando muito o formato prolixo que ele estava antes. Assim ficou bem melhor. Beijo, Emiliana, beijo, Amanda.

déborah nogueira disse...

fiquei sentida. é bom começar a ensinar o hino do brasil, custe o que custar, porque eu vou tomar a lição desses dois rapazinhos logo no aeroporto!

Felipe disse...

Eu confesso que umas das poucas coisas que acho que eram legais na nossa infância era cantar os hinos ou pelo menos aprender as letras deles. Não acho isso lavagem cerebral e, pelo contrário, acho uma boa noção de civismo e, para dizer a verdade, apesar de a letra ser bem anacrônica ("fulguras ao Brasil florão da América" e as outras que você citou), vale até como aula de português e de história, por que não?

Tenho saudade da época que os cadernos tinham as letras na contracapa.

Quem naõ lembra do "japonês tem quatro fiiiiilhos"?

Ah, o hino da França e o do Brasil são os mais bonitos, na minha humilde opinião, independente de incentivarem (no caso da França) o confronto, a ida pra guerra, etc. Só sei que eu gosto muito dos dois. :)

Beijocas

solica disse...

Que dupla gostosa!Sào fofos, e os docinhos com as bandeirolas do Brasil, parecem uma delícia....
Mas Carol, qual vai ser a identidade deles, daqui a uns anos? Franceses, brasileiros, um-e-outro....
Já morei aí também, porisso levanto a questào, que pode ser ansiogenica para as mam~es, quando eles crescem.
Mas por enquanto, isto está longe,é aproveitar esta idade deliciosa.
Felicidades para a encantadora familia!

Juliana disse...

Oi, Carolina,

acabei de ler seu texto no blog do Noblat e gostei muito. E aproveitando a deixa, tomo a liberdade de sugerir um post sobre o debate (ou a falta dele) sobre a identidade nacional.

Um abraço,

Juliana.