segunda-feira, março 29, 2010

Bibliofetiche

Tem um filme em super-oito da minha formatura no prezinho - em que, além de provar salgadinhos e posar com meu mini-pretê, boa parte da festa eu passo debruçada numa mesa, hipnotizada pelos livros que tinha acabado de ganhar: O Sol, Os Dentes e um outro que eu não lembro mais.

Eu achei o máximo aprender a ler e sempre tive uma relação apaixonada pelos livros - mas não pelos meus livros necessariamente.

Mãe nenhuma tem uma profissão mais mãe do que a minha, que é bibliotecária - e foi com ela que eu aprendi a guardar meus livros dentro de mim e não na minha estante. Até Paris subverter um pouco isso. Paris e o Beto.

Os dois em complô me empurram para o biblioconsumismo. Ele pela compulsão confessa, que aos poucos vai cobrindo as paredes da nossa casa, num movimento asfixiante de filme de medo. Já Paris... é pelo excesso de oferta. De livros e de tudo que vem em torno.

Sim, eu estive no salão do livro essa semana. E sim, eu quis entrar na fila de autógrafo de um autor de quem eu nunca li nada (mas vi uma ótima crítica) só pelo fetiche.

Só esse mês foram duas manifestações explícitas de bibliofetichismo: bons noventa contos num Quarup assinado pelo Callado via mercadolivre e um autógrafo da Julia Kristeva conquistado graças a boa dose de cara-de-pau no final de uma palestra.

Os meninos nem sabem, mas já estou iniciando os dois no vício. Pro prezinho deles, conto conseguir autografar O Sol, Os Dentes e o terceiro da série - seja lá ele qual for.

7 comentários:

Felipe disse...

Ja já eles estarão lendo Le Petit Prince!!!

Leandro Wirz disse...

rsrsrsrsr, ótimo comentário do Felipe aí em cima.

Bem, eu posso te mandar uns livros meus autografados, só pelo fetiche...rsrsrsrsrsr. Tô brincando de marrento, liga não.

Quanto à compulsão pelos livros, tem horas que bate culpa. Tenho tantos comprados que ainda aguardam na fila para serem lidos... E por que retenho os que li? Eu deveria fazê-los circular.

Os livros que lemos nos tornam únicos.

machay disse...

Gostei de ser biblioconsumista e ter filhos também assim.Quanto a comprar e ter vários na fila de espera para serem lidos me deixou mais tranquila quando vi uma entrevista com Mindlin que não chegou a ler todos os seus livros. Lia e relia os que mais gostava. Meus livros circulam só para aqueles que irão ter o mesmo cuidado que tenho. Foi meu pai que começou este consumismo em nossas vidas. Não concebo casa sem livros.
Bjs

Leandro Wirz disse...

Machay, permita-me sugerir uma leitura:

http://mardecoisa.blogspot.com/2009/07/eu-tenho-medo-de-casas-sem-livros.html

machay disse...

Obrigada Leandro Wirz

Arthur Saraiva disse...

Oi carol!

Eu também sou igual a você. Semana passada eu passei um tempo com o Marcelo Rubens Paiva. Ele fez uma dedicatória na minha cópia do Feliz Ano Velho. E no ano passado também fui ao Salão do Livro de Paris pra caçar uma dedicatória do Martin Page.

Tá tudo bem contigo?

Varal de dentro disse...

Você não ficou se sentindo assim meio órfã quando o José Mindlin morreu? Eu sim. Acho que seria um equivalente livresco ao que vai acontecer para a música dentro de mim quando o Caetano passar pra uma melhor.
Aliás, falando no assunto, você conhece um livrinho muito simpático chamdao "O bibliófilo aprendiz", do Rubem Borba de Moraes?

Muchos saludos da
Womber Woman