sábado, junho 26, 2010

A que não nasce; torna-se

Talvez isso venha de todo o recalque da segunda menina de uma família que esperou quatro gestações por um menino que não veio, mas durante anos acreditei que o tornar-se mulher de que fala a Beauvoir fosse algo como conformar-se.

Se entender como não-homem e, que remédio, aprender a viver com isso – gostando, se possível.

Eu e meus binarismos idiotas.

Mais que não-homem, a mulher é a não-menina. E isso tem quase nada a ver com as lingeries, os saltos e os esmaltes que descobrimos quando pensamos que nos tornamos.

Tem mais a ver com a conquista de um silêncio delicado e leve – a desncessidade do outro. Acho que tornar-se mulher é aprender a ser uma. O lento e difícil processo de se caber em si mesma.

8 comentários:

anita vasquez disse...

Carol, fala de como está sendo sua Copa do Mundo na França. Como boa brasileira vc deve estar curtindo adoidado por aí..

Anônimo disse...

Bonito texto. Vou guardar pra mim.

Beijos pra vc,

Juliana.

Ah, sim, ia quase me esquecendo: gostaria de ler sua dissertação sobre a Lygia Fagundes Telles. Em qual biblioteca ela esta disponivel?

Bjs encore,
Juiana.

Princess Deluxxe disse...

então no fim das contas buscamos sempre isso, a individualidade? desde sempre, desde q nos descobrimos adolescentes e queremos sair de casa sem ter q avisar nada a ninguém?

de qq maneira, sorte das q conseguem conviver super-bem consigo mesmas, sem dilemas de terem acertado, errado, negado, omitido, perdido, partido, deixado, escondido, conquistado, largado, decidido.

=)

beijinhossss

Bailarina disse...

E quando a gente começa a achar o caminho dá um gosto bom danado!

Leandro Wirz disse...

Muito bom, Carol. Mas a desnecessidade do outro é também masculina. Embora talvez o silêncio com testosterona não seja tão delicado e leve...

Anônimo disse...

AH Carol...a incompletude...!
Acho que não tem jeito, hélas....
Muitas já tentaram de tudo, e necas. Só as místicas, parece, (segundo elas) , resolveram o problema.
Sugiro atenta leitura da excepcional escritora Teresa de Avila , começando pela biografia da santa por ela mesma.Ela sabe de tudo.
Ela fascinou grandes homens: Breuer, Freud, Lacan, dentre os nossos contemporaneos. Boa viagem!
Sonia

Anônimo disse...

Carol esquece o recalque e seja uma grande mulher!Já começou continue e viva muito vc tem uma linda família bjs ANgel

Juliana Nogueira disse...

E de se bastar!