sexta-feira, maio 06, 2011

Markets and mariage


Era o dia do casamento real e eu tinha uma matéria para escrever sobre o assunto. Mas, como eu não tinha credenciamento, propus uma pauta sobre o clima da festa, as pessoas nos bairros - beeeeeeem longe da confusão do Palácio de Buckingham.

Então eu fui para Spitafields - e foi a melhor coisa que eu fiz. Passei o dia serpenteando entre um pub muito, muito tipicamente local, o Spitafield's Market, a rua de brechós e um Starbucks que virou meu escritório.


O pub foi meu verdadeiro achado do dia. Às nove e meia da manhã a dona já estava dando gritinhos lá dentro, preparando a decoração, recebendo os amigos. Às dez as pints de cerveja já rolavam soltas.

À medida que a hora do casamento se aproximava, ela (como todo mundo) ficava mais empolgada. Cada amigo que chegava era uma festa. Como as moças da padaria ao lado estavam atrasadas, ela abriu espaço na multidão (é a melhor palavra) e foi lá buscá-las.


Passado o grande momento do dia, aproveitei para conhecer o Spitafield's Market que, há dois anos, quando fui a Londres pela primeira vez, foi o responsável por uma crise de choro (a gente atravessou a cidade para ir, pegamos linhas de metrô fechadas, escadas rolantes quebradas com carrinho de bebês a tiracolo, e quando chegamos lá ele estava fe-cha-do).

Obviamente que eu tinha expectativa nas alturas e, claro, fiquei decepcionada.  Tem uma ou outra coisa legal, como os postcards dessa ilustradora - mas a maior parte das barracas é déjà-vu. Vale mais a pena as lojinhas de verdade em torno - a tal da lomo que é a maior febre no Brasil tem uma loja foférrima lá.


Em busca de uma galera off-mariage para a matéria - e, hm, porque eu queria ver outras lojinhas - fui na rua dos brechós. Você paga uma libra para entrar e compra roupa no quilo (15 libras o quilo de roupa, o que, a menos que você queira comprar casacão, é muita roupa).

Aproveitei para comprar uns casacos de lã bem quentinhos, porque estava morrendo de medo do frio de Aberdeen. Comprei um monte de lenço altamente vintage e umas camisas xadrez pro meu digníssimo. E foi lá que entrevistei a Demelza, que topou posar pra mim em mil formas diferentes (ah, esses ingleses são tão não-parisienses).


E depois de entregar a matéria? Pub, claro. A melhor coisa de Londres é que você pode andar com uma melancia na cabeça que ninguém liga. Eu, que tenho uma teoria de que é difícil para uma mulher sentar sozinha num bar, fui à forra.

Sentei sozinha em três pubs. E depois na rua. E na outra rua. E na outra. Só pra gastar minha liberdade de ser mulher e beber sozinha. Lembra quando eu falei que em Aberdeen rolaram uns olhares atravessados? Ainda estava sob o impacto da minha liberdade londrina.

Com esse post eu encerro a seção meu diário deste blog - que só foi possível graças às quatro horas de conexão de fim de viagem no (ironia on) interessantíssimo (ironia off) aeroporto de Luton, nas redondezas de Londres. Voltaremos em breve à nossa programação normal.


Edit: Olha o site da ilustradora aí, gente. Eu tardo (muito) mas não falho.

6 comentários:

manu disse...

Carol,

Tenho uma ligacão muito forte com Londres.
Morei lá dois anos, fui muito feliz.
Sempre que posso volto, na esperança de um dia me mudar de malas e cuias.
Eles são muito educados, simpáticos e tem um senso de coletividade impressionante. Que infelizmente não encontro no Recife, nem em Lisboa.
É como eu digo, " e quando vc tem certeza que não pertence a cidade que nasceu, nem a q mora ? "
Só me resta torcer para que um dos meus filhos vá estudar lá.

Beijo

Anônimo disse...

Carol, ainda permanece meu sonho morar em Londres para fazer estar pesquisas nas ruas, lojas e lugares. Como sempre voce apreciou "nosso" Reino Unido, até breve. Beijo

RC disse...

Mas que calça é essa da primeira foto? Direto dos anos 80?

moninica disse...

estive lá ontem, amiga! haja gente na rua, afffff... mas foi maravilhoso. acho que eles sempre fecham alinha de metrô no domingo, uma garçonete me disse isso.
tô lendo os posts sobre londres de trás pra frente. daqui a pouco comento mais!!!!

Renato disse...

Resumo da parada: torrou o dinheiro do freela nos butecos de Londres.

Leandro Wirz disse...

Beleza de série de textos, especialmente quando fugiu ao entediante casamento real.