domingo, dezembro 14, 2008

Botãozinho ligado

Cheguei aqui com um ano e meio de aliança francesa que não dava nem para assistir telejornal direito. Hoje, dentro do léxico infanto-social-literário do mundo a meu redor, estou numa situação confortável em relação ao francês: entendo que o João teve otite no ouvido médio, as alternativas de menu que o restaurante oferece, a noção do testemunho indireto na análise da ficção. Falo tudo o que preciso, ainda que tenha que explicar três vezes para a moça do carrefour que colocar a placa de promoção em cima do produto que não está em promoção é induzir o consumidor ao erro.

A medida hoje é a minha: eu entendo e falo o que eu quero. O que é ótimo principalmente quando eu não quero. Porque meu ipod mental é carregado no padrão português-Brasil e muda rapidamente de sistema se alguém fala comigo. Mas para isso acontecer eu preciso olhar para a pessoa. Me concentrar. E preciso principalmente querer. Você não sabe como isso é bom.
No metrô um casal bem sezième olha para o mundo com cara de nojo e conversa pelo canto da boca. Ou dois caras que me ladeiam no trem lotado falam gracinhas sobre o pedaço de bolo que eu carrego para meus meninos, gâteau alguma coisa, gâteau alguma outra coisa. Ou o doido que fala sozinho, que sempre tem um doido que fala sozinho, senta do meu lado e começa a falar sozinho comigo.
Eu simplesmente não escuto porque eu não quero. Aquela voz para mim é a professora do charlie brown falando. Eu não faço cara de quem está fingindo que não está escutando porque eu realmente não estou escutando. O botãozinho está desligado – ou ligado, dependendo do referencial.

9 comentários:

m. disse...

eu preciso decidir se faço o curso regular da aliança ou o intensivo. o superintensivo está fora das minhas po$$ibilidades. tenho dois anos pra aprender francês e isso não é suficiente nem para chegar na metade do curso regular. mas também não sei se vou conseguir me dedicar se fizer o intensivo, porque não é só o curso, é o trabalho, o mestrado etc etc etc.

só um desabafo, já que levantou a bola.

Felipe disse...

Eu quase piro quando vou aos eventos de trabalho onde a maior parte do tempo fala inglês. Não por nao dominar a língua, mas porque, direto, eu passo uma hora conversando em inglês, aí vem alguém na mesma roda e começa a falar português e aí eu viro pra pessoa do lado que só fala em inglês e pergunto algo em português, quase que automaticamente.

(ENGLISH MODE ON)

(PORTUGUESE MODE OFF)

Quando é tudo ao mesmo tempo agora, lasca tudo!!!

Beijocas

Anônimo disse...

Comentário atrasado, mas ainda em tempo: me enche de orgulho no Noblat, amiga!!! Beijo!

flavia disse...

carol, achei teu blog nas minhas andanças pela internet. meu namorado está indo nessa quinta para paris e eu chegarei no final de janeiro.

também sou jornalista, embora trabalhe atualmente com cinema!

resolvi comentar só para dizer que adorei seu blog!

beijos,
flávia

Anônimo disse...

Carol, larga de ser insensível. Tá parecendo parisiense. Conversa com os doidos. A maioria é gente boa. Ah, tô indo pro terceiro ano de Thomas Jefferson. Leio tudo, mas travo na hora de falar. Morro de vergonha!

PS: Entre o blogo do N e o le-croisant, sou infinitamente mais o segundo.

Renato

Anônimo disse...

Então, eu tenho um botãozinho desse também! É o do "foda-se"! Muito legal! Beijos com saudades!
Alécia

P.s.: fui pro show da Madonna e lembrei super de você com o Borderline hard core! ahhhhhhh!

Aglais Trennepohl disse...

Que mundo ridiculamente pequeno!! Você é amiga do Luli!! Acabei de descobrir isso na página dele!! O que é a internet, não?

Anônimo disse...

Já lia vc mesmo antes do Noblat te lançar.Seu compromisso como jornalista ficou maior...Nào é todo mundo q/sabe o que é ser um frances do 16arrond. um NAP um BCBG! A vous d'expliquer!
Legal seu blog!
www.zelinha-zelinha.blogspot.com

Anônimo disse...

Very good!