Na França, a burocracia está em todo lugar. Todo mundo sempre tem um motivo para não fazer o que você precisa que ele faça. E quando você depende de franceses para escrever uma matéria com prazo, isso pode ser desesperador. Dois exemplos banais (porque afinal eu tenho uma matéria com prazo me esperando), um detestável, outro adorável – porque a burocracia é infernal mas pode ser charmosa mesmo assim.
Perguntei para a detestável assessora de imprensa das lojinhas dos museus nacionais de Paris quais são seus produtos mais vendidos, os mais procurados pelos turistas ávidos das famosas lembrancinhas. Ela me disse que não tem uma estatística a respeito. Pediu para eu escrever um email para a secretaria de comunicação do centro cultural que controla as lojinhas, pedindo uma pesquisa a respeito. Que, é claro, não ficará pronta no minuto seguinte, me disse ela irônica. Eu insisti, moça, eu quero só saber qual o produto mais popular entre os turistas. Nós temos 25 mil produtos, minha dama, eu não posso citar um sem uma base estatística.
Com o meu adorável burocrata o diálogo foi diferente. Ele trabalha em uma livraria especializada em histórias em quadrinhos, da qual eu queria saber o tamanho aproximado do acervo, o preço médio dos produtos, o título mais procurado. Ele começou bem, me dizendo seu nome e que estava à minha inteira disposição para qualquer informação que eu precisasse. Em seguida, pediu pra eu ligar para a assessora de imprensa, cujo telefone, óbvio, estava ocupado. Quando consegui falar, ela me disse que eu podia falar direto com ele. Eu liguei de novo, e aí era ele que estava ocupado. Horas mais tarde, quando cheguei ao adorável senhor, ele me disse que por uma questão de hierarquia, gostaria que eu conversasse com a gerente da livraria, que agora estava almoçando. Mas que eu ligasse em uma hora, e que ele reafirmava sua pronta disposição a me ajudar pessoalmente no que eu precisasse. Era apenas uma questão de respeito, a senhora entende.
Desliguei o telefone e, na falta de outra coisa mais efetiva, escrevi este post.
11 comentários:
Acabei de conhecer seu blog, bem simpático!, e dicas de um lugar que eu adoro... a biblioteca então foi um dos meus lugares preferidos, o acervo é enorme, não é? E as salas de leitura, diferentes daqui, são realmente silenciosas... Bacana! Parabéns! Voltarei às vezes... Você conhece o blog Conexão Paris? Muito bom também...
Carol, me arrependo até a alma por não ter trazido mais lembrancinhas dos museus que visitei... Mas se quiser começar sua própria estatística, no Louvre comprei uma agenda e alguns bloquinhos de anotação, todos para dar de presente. De Versalles trouxe outra agenda, essa para mim, da Maria Antonieta, ou Marie Antoinette...
por essa e por outras que eu acho que você tá demorando demais nesse paisinho besta aí :P
beijo, dedé
KKKKKKKKKKKKKK!!!!!! "Minha dama" é foooooooda!!!!!!!!!!!! É tipo "queridinha" no Brasil? Beijo nos quatro!
Por favor, Carol, assim que souberes as respostas para a tua matéria, deixe-nos saber em primeira mão no teu blog.
CAralho, isso é insuportável. Por ja ter estado do outro lado, sempre que alguem me pede algo aqui, eu tento resolver logo ou ja encmainhar pra quem efetivamente va resolver. É horrivel ter de contar a historinha mil vezes inutilmente.
Ótima foto. Burocracia é mesmo um troço exasperante. Mas vc driblou as dificuldades e, mesmo sem as informações que queria, tirou leite de pedra e produziu este post. Gol.
Prefiro a bagunça brasileira.
Renato
Burocracia é uma identidade cívica francesa. Apesar da aparente funcionalidade, eu, como o fulano acima, prefiro a bagunça brasileira.
E parabéns pelo blog e pela coluna no Noblat :)
Arthur.
Tadinha de você, amiga! Eu já teria tido um ataque. E em bom português que é pra ele ver o que é bom pra tosse! Oras... Beijooooooo!!!
Enfim, vc falou mal de alguma coisa na França!!!!! :)
Cibelle
Postar um comentário