Ia, mas não vai mais

Ele tem todo direito de duvidar de mim, porque afinal de contas é estranho mesmo. Num jornal de metrô – que eu nunca leio, mas nesse dia eu li – dizia que a Fleche d'Or, nosso reduto roquenrol, eleito pelo D. como o Gate's daqui, iria fechar as portas. Eu fiquei tão atônita que liguei para ele: “D., a Fleche d'Or vai fechar!”.

Seguiu-se aquela conversa previsível, mas por que?, também não sei, é só o que diz o jornal, mas que pena, pois é, temos que aproveitar enquanto é tempo, essas coisas. Enfim. Passou.

Como minha desolação continuasse, me lembrei de visitar o site da Fleche d'Or – e lá, nenhuma vírgula, nenhum ponto, nenhum sinal sobre um possível fechamento. Dessa vez eu escrevi pra ele: “Amigo, acho que foi alarme falso”. E ele: que bom, até porque não tinha sentido, e eu: pois é, ainda bem, tal e coisa.

Almoçava eu, calma e tranquilamente, quando a moça da rádio que tocava na lanchonete anunciou: e para aqueles que estavam preocupados com o fechamento da Fleche d'Or (eu!), uma boa notícia – ela não vai mais fechar as portas. Uma nova administração entrará em cena prometendo a proteção acústica reivindicada pela vizinhança, etc,etc. Eu estava lá, comendo minha torta de maçã, e a notícia veio até mim. As notícias da Fleche d'Or me perseguem!

O D. tem todo direito de achar que eu inventei todo esse exercício noticioso, mas eu juro. Ela ia fechar e depois não vai mais. E isso é uma excelente notícia. Muito melhor do que se ela simplesmente continuasse existindo.