A adolescente que eu era ri de deboche. De desprezo e de raiva. Sente o coração palpitar bem forte e tem vontade gritar: me devolva! Não me roube! Eu sou minha! A adolescente esmurra a porta e sente o sangue ferver e tem vontade de esganar. Ela é visceral e mata com arma branca ou com as unhas ou com os dentes.
A criança que eu fui chora. Pede colo e abraça a própria barriga. Soluça na cama fria, no escuro, procura o quente da coberta, pede proteção ao travesseiro.
Quando amanhece eu reúno todas as três, respiro fundo e sinto alívio ao me ver de frente no espelho. Deu trabalho, mas me construí. E daqui eu não saio mais. Daqui ninguém me tira.
4 comentários:
Mais uma vez, texto incrível, Carol. Nunca me arrependo de dar uma passadinha aqui... e que maneira mais poética de se falar de auto-conhecimento!
Adorei o texto, muito bom, e é verdade como somente nós somos capazes de entermo-nos tão bem!
Nossa, que texto bem escrito e tão verdadeiro para mim! Sempre me sinto assim, três. E, antes, me encontrei num conto do Caio F., o "Eu, tu, eles", do "Morangos Mofados". Agora tenho mais uma referência! rs
Se puder, vou passar a te acompanhar!
Você escreve muito bem! Uma lida em três postagens e nossa, virei sua fã!! Olha que nem sou de ser fã de niguém... Mas parabéns!! :)
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