Até então eu era gorda. Canhota. A que preferia brincar sozinha, contando histórias para as paredes, do que de boneca. Até o tipo sanguíneo eu tive a criatividade de ter diferente de toda a minha família.
Criança, isso não era necessariamente bom. Levei tempo para limpar o diferente do juízo de valor que vinha colado nele.
Quando, por consolo ou clarividência, eu finalmente distingui diferente de pior passei mesmo a me divertir me achando o elemento que (aparentemente) não pertencia ao conjunto.
Mas depois eu cresci. Tive filhos. Observando os dois, bem rápido entendi que um deles não fala como as outras crianças. Que o outro não segura o lápis como os outros. Ou que não gosta de doces, não quer se vestir ou não obedece como todo mundo.
E de repente elas eram tantas que todas as diferenças do mundo se tornaram a regra.
Toda verdade é óbvia, e eu cheguei à quase estúpida conclusão de que os outros não existem. Esses outros lá fora, a quem passamos a vida imitando ou refutando, simplesmente não existem. Somos todos inconfundivelmente únicos.
Foi um alívio perceber que o parâmetro é aparente, mas às vezes dá saudade da ilusão infantil de originalidade - também chamada egocentrismo.
7 comentários:
Carol, voce eh muito original...quando digo original, digo criativa, e isto eh uma caracteristica muito valiosa. Assim como acho a Ana Luiza criativa. Como disse Einstein, a imaginacao eh mais importante do que o conhecimento.
Por isso eh que nos te amamos muito. Porque vc sempre teve a coragem de ousar criativamente. Que vc nunca deixe ninguem te podar essa criatividade, essa espontaneidade..
muito obrigada. É uma idéia muito "liberadora".
É como diria aquele velho filósofo alemão: "o que seria do igual se todos fossem diferentes?"
Somos únicos. Como todo mundo.
Carol, seu texto foi diferente, original, criativo, único. Mas mais importante do que isso tudo é que seu texto é bom de ler.
Carol, vc sempre foi criativa... tenho até hoje a boneca de papel(diferente!) com pedacinhos do seu cabelo...lembrou?
Carol!
muuuito obrigado por saber escrever tããão bem o que eu levei uma vida inteira para tentar explicar !
beijo grande
Adri (Volpi,da exposição da Tânia)
Carolzinha, minha sobrinha muiito querida, dá gosto ler voce e um enorme prazer, maior ainda é poder lhe sentir, lhe conhecer um pouco mais através de seus textos, uma delicia de ler, como sempre digo. Revi o filme Fernao Capelo Gaivota e vc é o proprio, uma lição de vida, nada de seguir o bando, é preciso voar mais alto para se ter a visao do todo e só assim, exercer o seu livre arbitrio. Amo vc e a toda a sua familia. Tia Nalva
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