Depois de quinze anos de balé, um feio dia você percebe que é bom começar a se empolgar com a faculdade de Direito porque, surpresa!, você não vai ser a bailarina do municipal.
E por mais que a gente saiba que isso seria tão difícil quanto ganhar na loteria, de repente parece que não era. Parece que até ontem ser a bailarina solista do Bolshoï era algo que te fazia pular da cama – não porque isso fosse lógico, possível, mas simplesmente porque o sonho (ainda) estava de pé.
E, incrível, quanto mais simples é o grande sonho da vida, mais difícil é renunciar a ele.
Eu só queria casar na igreja, poxa. Ou só queria morar na Austrália. Ou só queria passar nesse diabo de concurso… Por que todo mundo consegue e eu não?
Primeiro que “todo mundo” normalmente costuma ser uma ou duas pessoas que, nessas horas, parecem valer pelo resto do mundo.
Segundo que o tempo que a gente perde sofrendo por não ser o que o sonho da vida previa que a gente fosse a gente desperdiça não sendo outras coisas.
Eu pensei em duas formas de terminar de dizer isso.
Se reinventar é se permitir sonhar outros sonhos. Ou: tão importante quanto ter sonhos é saber renunciar a eles.
9 comentários:
Oi Carol,
me identifiquei tanto com esse texto. provavelmente por conta dos sonhos que surgem quando a gente ta terminando a faculdade. "Trabalhar em tal empresa seria massa!", "E se eu empreender?" e assim vai. Mas todo dia você enfrenta a realidade e vê que não é tão fácil chegar lá, então eu fico convencendo a mim mesma que não é só comigo e que estou fazendo o possível. Desistir ou continuar? É preciso sempre fazer escolhas...
Merci pela postagem.
Carol, você escreve exatamente o que eu queria dizer. Se reiventar é uma arte! Renunciar de sonhos que não deram certo ou não se concretizaram da maneira que idealizamos é o lema dos meus 28 aninhos. Sonhar outros sonhos e entrar no sonho do outro. Obrigado por este blog, que sempre acolhe boas idéias. Com carinho, Ana
bom mermo eh quando a gente nao quer ser nada, porque assim nao se decepciona.
quer dizer...
Esse ano eu realizei um grande sonho: morar na França. Porém, no dia seguinte eu já deveria ter mais uns 10 outros sonhos.
Alguns me dizem que isso significa insatisfação com o que tenho, mas para mim o percurso da realização de um sonho é alegria que se renova sempre..
Ultimamente ando pensando bastante nos meus sonhos. E porque deixei de tê-los.
Ótimo o seu texto, como de hábito.
Carolina, estou viajando aqui em um de seus posts antigos. Aquele que você verbaliza sobre o estilo "secretária". Aquilo mudou minha vida.
Beijos!
Olá Carol! Adoro seu jeito de escrever, leio sempre, então vou comentar apenas para ampliar a reflexão, tá? Gosto da idéia de se reinventar, acho que isso tem a ver com estar presente no presente. O sonho cristalizado, congelado, perde a vida. mas não sei se a gente tem que abrir mão dos sonhos, tem que reciclá-los automaticamente, sempre. Beijo prá vc.
Acho que a gente deve escolher os sonhos certos e ir atras deles. Se não der, a gente vai atras de outros. Eu sempre penso que se não consegui uma coisa, é porque tem outra melhor vindo, mas às vezes é muito dificil ver o lado positivo de uma frustração. A gente pensa que aquilo era exatamente o que queria e vê a coisa indo embora, sem poder fazer nada... Encarar a perda de um sonho é muito triste e saber desistir deles na hora certa é uma arte!
Carol, parece que nós somos mais ou menos da mesma idade e isto nos aproxima bastante. Realmente nossa geração tem ciência do que estamos renunciando. Renunciar a carreira em prol do casamento, ou dos filhos, isto nos deixa muito segura do que queremos. Digo para o meu marido que semre estamos nos reinventando, e isto nos une. Mas sonhar sempre vale a pena sonho e não desisto de fazer meu doutorado na França, de morar em Paris. Parabéns pelo texto, parace que vc tira palavras das nossas bocas, dos nossos pensamentos. Bjs.
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