Mônica arrumou emprego fixo e um marido mais ou menos na mesma época que o ex-presidente foi eleito - e daí tudo começou a dar certo pra ela. Usuária entusiasmada do crédito disponível em balde, ela tem tudo em casa. Às vezes em dobro.
A Mônica é a personagem perfeita para esse documentário. Ela adora falar sobre como sua vida de consumidora melhorou depois do governo Lula. Sabe citar onde, quando e por quanto comprou cada mínimo bem da sua casa. E topou dar aquela entrevista-mico passeando pelos corredores do supermercado. Para completar, é super espontânea. Fala frases de efeito sem se dar conta. A Mônica é o sonho de qualquer jornalista.
Até que... a reportagem decide entrevistá-la em casa - onde se encontra, também, Joel, o marido.
Joel dirige uma kombi de transporte alternativo. E esse ano começa um cursinho pra estudar pra concurso. E com as bênçãos de Deus, uma faculdade de Direito. Desde que Joel abre a boca, Mônica se cala.
De repente, a casinha da Mônica sumiu da minha tela. Fiquei surda para os comentários sobre Lula, crédito, casa própria, blablabla. Eu só conseguia ver aquela mulher muda. Concordando. Apoiando entusiasmada o que o marido falava.
E quando a reportagem insistiu em saber dela a resposta de uma pergunta, ela olhou meio nervosa para o lado e perguntou: "o que é mesmo, Joel, que eu acho disso? Me ajuda!".
Aprendi que só nos incomoda o que nos fala. E se o silêncio da Mônica me espanca é porque, esperneando e muito revoltada por isso, eu me identifico com ele.
5 comentários:
Voce sempre procurando uma figura pra mostrar as façanhas do nosso ex...
E essa Mônica, não tem um coelhinho pra enfrentar esse marido???
Adorei as fotos do Pepe!!! nem sabia que estavam em Copenhagen...legal,ne? Aproveitem!!!
espanca ou espanta?? olha a "Maria da Penha"...
"Todo homem que sabe o que quer, pega o pau pra bater na mulher." Trecho de Sílvia, por Marcelo Nova
Felipe Campbell curtiu o comentário de Renato Alves
Muito bom este post.
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