Eu sou uma soixante-huitard.
Mesmo tendo nascido oito anos depois, ainda que nada na minha personalidade de não-cara-pintada me faça crer que adiantaria alguma coisa ter nascido quinze ou vinte anos antes, fantasio de que eu poderia sido a Heloísa, a Lião, a Dilma. Me conhecendo, acho daria no máximo uma boa Francisca.
Meus livros favoritos foram todos escritos em algum lugar entre 1960 e 1970 - minhas utopias, minhas ilusões estão fixadas naquele espaço temporal que viu a mim e à minha cidade nascermos. Até música: também acho que, depois deles, não apareceu mais ninguém.
Quando 1968 completou quarenta anos li todas reportagens e vi todos os documentários que me foram dados ler e ver. E comprei um livrinho de slogans da revolução.
Dans chaque homme il y a un quartier latin qui sommeille.
Soyez réalistes, demandez l'impossible.
La barricade ferme la rue, mais ouvre la voie.
E, o melhor de todos: sous les pavés, la plage.
O que pode ser mais poético?: sob os paralelepípedos (eu estou escrevendo "paralelepípedos" em um texto?), a praia. A liberdade que nasce da ação (inconstitucionalissimamente).
Não era barricada mas uma reforma gigantesca que fechava a rue Lafayette na sexta passada. Caminhões e homens de uniforme, sacos de areia e pedras - mas quando eu vi esse pedaço de calçada sendo feito, não pude pensar em outra coisa.
5 comentários:
Engraçado - "Sous le pavé, la plage" sempre foi meu slogan soixante-huitard preferido. Até porque a primeira vez que ouvi, achei absolutamente enigmático. Só bem mais tarde me explicaram a razão...
O 68 daí derrubou o De Gaulle, o 68daqui derrubou o povo.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
são 68 "!". espero não ter errado a conta... hehehe
ah, eu nasci em 1968, desculpa aí.
falei só pra te deixar com inveja...rsrs
um dia eu quero entender a frança com os olhos.
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