quarta-feira, maio 04, 2011

How Mackay are you?



Desde que eu desembarquei em Aberdeen, ficava olhando as pessoas na rua que nem uma idiota, como se fosse virar a esquina e encontrar uma réplica do meu pai ou, melhor, da minha vozinha que já morreu.

Mas a maior parte das mulheres era gorda! Sem elegância nenhuma! Muitas eram até meio bregas. E nada do olharzinho meigo verde-escuro do meu progenitor.

Quanto menos eu encontrava Mackay feelings, mais eu ficava agoniada - fiquei me perguntando se não ver correspondências em nada era uma forma de negar alguma coisa.

Aos poucos, as semelhanças foram chegando, discretamente. Mas antes de prosseguir, faço um disclaimer para meus eventuais leitores Mackay - não se ofendam pelos meus estereótipos. Eles são baseados na experiência que eu tenho com os três exemplares da raça que conheço de perto - e vocês provavelmente não têm culpa alguma dos puns do meu pai.


Entre a cruz e o copo - Há seis anos, a prefeitura da cidade decidiu que havia igrejas demais em Aberdeen. Elas viviam vazias, algumas fechadas. A solução? Várias foram transformadas em bares. Eu juro! O povo bebe tanto que tem gente (chique) cambaleando pela rua às sete da tarde. Que quando vão te cumprimentar muitas vezes eles falam cheers! ao invés de hello!. Eu nem sabia que cheers! podia ser cumprimento.


Carnaval - Ganhei essa viagem de aniversário e o Beto, quando comprou as passagens, não sabia do casamento real. Pura sorte. Pois ele também não sabia - nem tinha como imaginar - que eu desembarcaria em Aberdeen no dia de uma festa local. Um carnaval organizado pelos estudantes da universidade para arrecadar uma graninha. Ok, meio bizarro. Eles desfilam em cima de quarenta (eu disse qua-ren-ta) caminhões emprestados pelas companhias petrolíferas. Rola até uma batucada. E vocês achando que o carnaval era coisa da parte carioca da família.


King Kid - Numa das cartas do tio William ele fala todo babão do netinho dele que tem treze meses e está começando a andar: "I am afraid we will end up spoiling him".  Ah, tio, isso explica tudo... Séculos de dominação infantil transmitida pelo sangue. Eu não vi uma bronca de mães e pais pelas ruas de Aberdeen - e não foi por falta de crianças, nem de crianças birrentas. O mesmo tom negociativo, a mesma holly patience e o barulho chato das birrinhas infantis não controladas pelos adultos. Não estou dizendo que isso é bom, viu? Só que fiquei aliviada por não ser a única idiota incapaz de um "tu me casses les oreilles!".


English breakfast - E se eu disser que, ao lado da touquinha de banho, o hotel disponibiliza um conjuntinho de costura chamado "Mending kit"? E que no café da manhã tinha cereais tipo Muesli, iogurte, chá, ovos e ameixas em calda. Ameixas em calda! Quer algo mais Dona Kilda?


William Wallace - Quase caí pra trás quando encontrei essa estátua do guardião da Escócia. William Wallace?! Isso explica todas as Carolina Marcias, Angela Maras, Juliana Maras e Antonio Marcios que eu conheço.


O pum do bêbado (com fotos contemplativas) - Estava eu andando por uma rua deserta no domingo de manhã. Quando passei na frente de um bêbado na parada do ônibus, ele mexeu comigo falando alguma coisa ininteligível. Como eu não olhei, ele fez um pum. Acho que foi só o som do pum - de novo eu não parei para olhar. Já tinha ouvido assobio, som de canudinho, mas pum foi a primeira vez. Como sempre que o assunto é esse, pensei no meu pai.

Será que ele ainda vai falar comigo depois desse post?

8 comentários:

Anônimo disse...

hahahahaha: que delícia se reconher pelos seus olhos, Mana. talvez esse post não faça sentido nenhum para muita gente, mas como é bom se sentir em casa longe dela - e onde quer que ela esteja. um beijo, um abraço apertado e (porque não?!!) um pum! hahahaha!!! ;-) Sá. ps: fiquei mais tranquila depois de saber que nosso pé na cerveja está na verdade no sangue!!

déborah nogueira disse...

nossa, que engraçado, carol! sério!
tudo fez sentido visto assim!
tô amando! acabei de comentar com o lows que esses posts sobre a sua viagem parecem um livro que eu não quero que acabe! e daí ele te definiu do melhor jeito que eu já vi alguém fazer! "que irado! sua irmã é um marco né? ela parece ser demais". e ele tem toda razão! você é um MARCO, minha filha!
te amo! parabéns pelos textos!

machay disse...

Adorei seu comentário Sá. Deverá se passar outras 5 gerações para diluir esta genética..*_*
Carol te mandei um e-mail, espero que seu endereço seja o mesmo. Bjs

machay disse...

Carol. Espero que goste.


https://wiki.familysearch.org/en/Newhills,_Aberdeenshire,_Scotland

machay disse...

Estou abusando de sua paciência, mas já tenho idade para tal.
de uma olhada

http://www.scotlandspeople.gov.uk/?gclid=CLKJyYGQ4ZUCFQQCagod1gp0Ww

Carol Nogueira disse...

Meninas: realmente, eu acho que esse post ficou sendo piada interna. Eu rolei de rir escrevendo, mas acho que ninguém mais achou graça.
Kia, respondi seu email, finalmente. Tô animada com as buscas.
Beijos pra todos!

Mateus disse...

Carol, a Vó Kilda deve estar se deliciando com seus posts!!!! Ela era uma lady, com todas as letras... você não viu nenhum cabelinho meio azuladinho, meio lilás por lá, não? Ainda hoje, quando vejo um por aqui, imediatamente penso nela... Beijo!

Anônimo disse...

Carol agora voce sentiu porque sou apaixonada por esta Aberdeen tão distante. O sangue fala mais alto. Te amo!