Há 5 anos
segunda-feira, agosto 08, 2011
Eu sou free demais
Não lembro qual foi minha primeira pauta, mas lembro exatamente que, no final do meu primeiro dia de trabalho numa redação de jornal, eu me perguntei com a maior sinceridade do mundo: eles ainda por cima vão me pagar?!
Eu tinha me divertido como nunca. Conhecido um monte de gente bacana, ouvido gente importante (e que eu achei inteligente à beça) falar, depois tinha sentado numa redação barulhenta e que eu achei super cool, tinha escrito tudo do meu jeito, o editor tinha adorado e no dia seguinte meu nome ia estar escrito num jornal de verdade. E as pessoas iam ler.
Então desde o primeiro dia de trabalho, eu sempre adorei a minha profissão. Até nos momentos em que eu odiei, cansada, exausta, eu adorava. Até no meio de todas as dúvidas, todos os questionamentos existenciais, que foram muitos, incontáveis, eu adorava.
Quando eu vim morar em Paris eu achei muito difícil ser jornalista. Não era mais uma questão de pensar numa pauta, entrevistar e escrever.
Era pensar numa pauta, pensar num jornal/revista/panfleto de bairro que pudesse se interessar, entrar em contato, ouvir cinco nãos até ouvir um sim, finalmente começar a entrevistar, ter medo do entrevistado rir do meu francês, ter medo de não conseguir anotar exatamente o que falava o entrevistado, ter medo da tradução não ser a melhor possível, escrever, entregar, cobrar uma resposta do editor que passou três dias sem dar o menor sinal de vida sem parecer desesperada (e aí, novidades da matéria?, ao invés de peloamordedeus o que você achou?!), vigiar a publicação, finalmente ver a matéria na página (em pdf), sonhar em ver a matéria na revista de verdade, trocar dezenas de emails com o administrativo da revista/jornal/panfleto de bairro até saber como fazer para receber, imprimir um contrato, preencher, mandar pelo correio e aí, depois de dois meses (sem exagero) finalmente receber meu cachê. É assim que eles chamam, eu ainda fico me sentindo uma cantora.
Tão complicado que eu passei muito tempo desencorajada. Mas esse ano a necessidade me obrigou a encontrar coragem. Foi difícil, foi muito difícil, mas, with a little help from my friends, os frilas começaram a dar certo. E desde então eu tenho me divertido quase como no meu primeiro dia de jornalismo.
Como freelancer a nossa subjetividade é parte ativa da matéria. Não é por acaso que eu escrevo sobre velhice, sobre feminismo, por exemplo. Tudo isso faz parte de mim, as entrevistas me fazem crescer e eu estou de novo, essa é a palavra, agradecida pela minha profissão.
Os novos frilas estão sendo alimentados ali no canto direito do blog. E esse post é desculpa para mostrar pra vocês um guia que eu fiz para a Viagem & Turismo e que resume a pergunta que ouço de todos os meus amigos que vêm à Paris. Há uma versão ampliada (bem ampliada) nos meus arquivos - quem se interessar pode pedir que eu mando por email.
E essa da foto sou eu, na redação do jornal-laboratório Campus, em 1999, numa foto tirada pelo Gu. Meu pai tinha ódio que eu dividisse o cabelo desse jeito, bem no meio, puxado pros lados, ele falava que eu parecia comunista procurada pela polícia. Eu achava que era exagero dele, mas não era não.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
30 comentários:
Carol, teus textos estao cada vez melhores. beijo
Gisele Teixeira
giseleteixeira.wordpress.com
Puxa, genial!
Posso receber a versão ampliada?
Meu mail é fabianepereira@gmail.com
Obrigada!
Carolina, gostaria de saber se você vai continuar blogando.
Beijo, Gisele, beijo, Fabi (seu guia segue por email!).
José Fernando, é mais forte que eu! Acho que blogarei eternamente. :o)
Oi Carol, quero tb! Sabe como é dicas nunca são demais para os alunos.... rssss
sylviesouvestre@gmail.com Merci!!
oi Carol, conheci seu blog ha pouco tempo mas ja to viciada! parabens, seu blog é super gostoso! Eu tbem quero esse super guia! Obrigada, Mari marikohler@yahoo.com.br
You pretty much said what i could not effectively communicate. +1
My site:
credit rapide Rachat De Credit
Carol é o que estava precisando. Adorei. Quero a versão ampliada. Beijão em todos.
machay@compuland.com.br
ei, menina! que legal. nem lembrava mais dessa foto... de repente vi que tinha gente entrando no meu site a partir do teu blog. valeu pelo link. foi custoso achar o link (só duas letrinhas né?) mas me senti importante e querido. beijos!
gu
Amiguinha,
Entrei justamente pra contar que hoje Álvaro chegou com a revista lá em casa, porque a capa do mês é Paris, e a matéria era sua.
E pra dizer que vc já tem uma perceira de bike em Brasília - tô andando no parque direto. Volta logo, antes que minha disposição passe. :)
Bjs
Pepê
Carol,
Nem sei como cheguei no seu blog... Acho que na list de blogs de um blog que estava na lista de outro blog.
Comecei a ler e nao parei mais.
Adoro passar aqui, a-do-ro!
Menina, que dom! Parabens!!!
Abracos,
Adriana
olá Carolina:
Gostaria também de receber o guia ampliado que você preparou.
Meu e-mail é isabelchiaradia@gmail.com
Obrigada!
Isabel
Oi, Carol
Gosto muito do seus textos porque deixam o coração quentinho.Adoraria receber por e-mail o seu guia de Paris.Vou passar 2 meses aí em Outubro para fazer um curso.Já morei em Paris nos anos 70 e depois retornei algumas vezes.Mas agora, como disse você, peguei minha vida nas mãos e estou deixando marido e filhos para cuidar de mim um pouco.
Aguardo um alozinho seu.
Um abraço, Carmen
Oi Carolina,
eu também gostaria de receber por email: ju.paofrances@gmail.com
Parabéns pelos textos, matam um pouquinho da minha saudade de Paris.
Beijos e obrigada,
Juliana.
Acho que já mandei pra todo mundo que pediu! Carmen, precisa deixar seu email, senão não tem como te mandar, tá? Beijos em todos!
Seus textos são um grande barato...sejam bem-vindos! também posso receber a versão ampliada?
ltrezzi@uol.com.br
Estive agora em julho/2011 com a minha família em Paris e agora fiquei com vontade de aproveitar algumas dessas dicas!
Também moro em Brasília; portanto, se precisarem de algo, também podemos tentar ajudar.
Carol,
Gostaria de receber o guia ampliado: mauriciocamara2004@yahoo.com.br
Gosto muito dos seus textos. Parabéns.
Nos conhecemos na época da Escalada....não sei se lembras...
Beijo, Mauricio
Oi Carol,
também gostaria de receber a versão ampliada. O email é: agsvia@yahoo.com.br
Obrigada!
Prezada Carol,
Seus textos continuam um oceano de sensibilidade...
Desejo-lhe sucesso sempre.
Um grande abraço!
Sidnei
Para a campanha "Descubra o idealista que há dentro de você".
Carol,
Também gostaria de receber a versão ampliada. Seus textos são lindos.
Abraços,
Cristina
mclmelo@yahoo.com.br
Oi Carol
Leio sempre seu blog, mas nunca escrevo..Vi a matéria e nem me liguei que era vc....Parabéns!!! Entendo tudo isso q vc diz, pq tb sou freela aqui em Paris...É complicado pq vc é pauteira, repórter, editora, tradutora, departamento de cobrança, tudo junto....
Vc vai embora de Paris? Espero que faça um encontro com seus leitores antes :D
Oi, Carol meu e-mail pra vc me mandar seu guia:
ctlmoraes@gmail.com
BJ
Carmen Moraes
Carol, eu quero a versão ampliada do seu guia de Paris!!! :)
Beijos
Sou super fâ do seu blog, adoro seus post, também amo Paris.Anualmente visito meu "cheri francês" que mora no sul, mas sempre vem a Paris para ficamos uns dias juntinhos. Adoraria receber seu guia, meu email : lanaamaria@yahoo.com.br
Obrigada!
Carol, agora que vc mandou uma versão ampliada pra 1 milhão de pessoas, eu, que cheguei atrasada, também posso receber? marianaaltoe@gmail.com
Obrigada, querida.
Paris, para mim, vai ter sempre um "dedinho" seu e dos meninos na minha memória e no meu coração. Posso entender a sua tristeza...
Beijos.
Mari
Oioi!!!!
Acabei de descobrir seu blog e gostei muito!!! Sou professora de francês e adoraria repassar o link pros meus alunos e colegas. Posso?
Será que você também poderia me mandar a versão por email, stp?
eleonoraribeiro@gmail.com
Parabéns pelo blog! :)
Bisous
Carol, também quero receber a outra versão; me manda, tá? Adorei seu blog, Tia Geleia Bjs.
Será que rola mesmo essa versão ampliada? Mesmo chegando atrasada no post?
lulimacti@gmail.com
ps. morei em paris quando tinha apenas 10 anos. Foram dois anos bem intensos e me identifiquei com vários momentos de sua despedida da cidade. A parte da escola, como me lembro! Sinto falta e comento até hoje. Agora sou formada em Gastronomia (já fui jornalista) e guardo no meu imaginário os almoços da École Corbon. Aprendi lá a gostar de rabanetes.
Muitos domingos vou à casa dos meus pais escutar música francesa e sentir falta de "casa". Por que a saudade desta cidade passa a ser gostosa, mas nunca passa.
Postar um comentário