terça-feira, novembro 29, 2011

Touche pas

Esqueça Meia-noite em Paris. Para mim, é no fenômeno de bilheteria Intouchables que eu vi o melhor retrato de Paris desde que cheguei aqui.


Longe de ser um filme sobre a cidade, a história conta o encontro de um tetraplégico miliardário e um cuidador marginalizado. Acreditem, é uma comédia. Que tem, como pano de fundo, um repertório bem-sucedido das melhores caricaturas de anedotas e personagens da minha Paris, que vai do meu bairro à Barbès, do 13ème aos descolados da République.

Os espertos estacionados em duas filas na frente dos prédios burgueses do XVI. As faxineiras que começam a trabalhar quando todo mundo termina. O milionário e risível mercado de arte contemporânea. As famílias numerosas que se espremem nos HLM. O adolescente riquinho de cabelo no olho. Os Rolls-royce. O RER. Os engarrafamentos. Paris à noite. A Île de St Louis, a banlieue - e o fosso que existe entre os dois.

Não espere um filme sociológico, antropológico. Uma crítica diz que ele agrada por colocar em contato os dois mundos que coabitam em Paris numa rara situação que não seja de conflito - e é claro que é cinema, porque nunca se viu um tetraplégico tão feliz nem um marginalizado tão camarada. As piadas politicamente incorretas também receberam muitas críticas.

Eu ri. Muito. E tenho certeza de que vou rever Intouchables - mais que Amélie Poulain ou qualquer outro - quando tiver saudades da minha Paris.

5 comentários:

Débs disse...

é concordo que o na vida real a historia nao deve ter se passado assim tão bem, eu ri e chorei no filme, alem de ter que ter ido 3 vezes no cinema pra conseguir lugar :) hahaha.

Rodrigo Suriani disse...

Muito legal Carol! Fiquei até na pilha de assistir. Vamos aguardar o nosso Lucas completar 2 meses para a gente voltar a barbarizar na night! haha

Se puder, não deixe de ler um livro chamado "A elegância do ouriço" que eu também achei bem francês, no sentido antropológico da palavra! Obviamente não sei o nome em francês, mas a autora é a Muriel Barbery

Beijos

Anônimo disse...

Carol,
Na segunda linha do segundo parágrafo do texto que está no Blog do Noblat, espectadores está escrito com X.
Abraço,
Cicci

Denise disse...

Olá Carol, li tb seu comentário sobre o filme
na blog do Noblat e fiquei morrendo de vontade
de ver, mas como moro no fim do mundo
( leste de Minas Gerais ) acho que vou
ter que esperar sentada. Li o livro que o Rodrigo
indicou é excelente , gostaria de sugerir
" Próxima estação , Paris ". Muito bom.Bjs
Denise - Minas Gerais.

Carol Nogueira disse...

Débs, sabe o que um amigo me falou? Que viu um documentário com os personagens reais e que o cuidador não é absolutamente NADA engraçado. Ou seja... Realmente art's better than life! ;o)
Digo, "L'élégance du hérisson" foi um dos primeiros livros que li em francês. Realmente, puta história, muito bem escrita. E o filme é fofo, cê já viu?
Cicci, você é um sumido de marca maior e aparece pra corrigir minha ortografia! Purfa! ;o) Mas eu mereço, esse é meu erro clássico: acho que meus espectadores têm altas expectativas.
Denise, "Próxima estação Paris" é o livro preferido do meu pai sobre Paris. Eu tenho em casa, mas ainda não me animei. Deixa pra quando eu estiver longe, morrendo de saudades! ;o)
Beijos a todos!