Bom-gosto hereditário

É, sim, ridículo e preocupante submeter as crianças a letras idiotas como "nós gostamos de cores, sim, cores lindas pra você e pra mim", ou outra que repete sem parar "eu vou comer laranjas e bananas". É óbvio que é revoltante ver a caracterização tosca de cangaceiros como pessoas vesgas, com dente faltando e que ainda por cima repetem uma música que foge a qualquer padrão minimamente lógico, "o doce mais doce que o doce de batata doce é o doce de batata doce". Mas só quem já expôs seus filhos ao DVD da xuxa-só-para-baixinhos sabe o poder hipnotizante (e por conseguinte, pacificador de ambientes) daquela droga.

Então qual não foi nossa surpresa quando, por obra e graça da queridíssima tia Sá, chegou às nossas mãos o lexotan de bebês mais fofo dos últimos tempos, Toquinho no mundo da criança(biscoito fino, claro). Pensa na casa, no pato, na aquarela, no caderno, todas aquelas músicas lindas que a gente escutava, e mais, acompanhadas dos desenhos animados mais conceituais, criativos e estaile do mundo. E incrível, com o mesmíssimo efeito paciflora da xuxa! Não só eles assistem vidrados como aprenderam a falar pato (tá bem, eles falam pá ou papo, mas eu entendo) e a dançar a dancinha da menina do caderno quando ela fica adolescente.

Não tinha falado antes porque tinha certeza de que era figurinha velha aí no Brasil. Mas depois que milhares de visitas (daí) passaram por aqui e se encantaram, resolvi dar a dica. Corre e compra. Nem que seja pra você.