domingo, março 29, 2009

Por que é tão bom

Uma vez uma amiga me pediu para dizer porque era bom ser mãe de menino. Minha amiga tinha outra amiga grávida de menino e que, quando descobriu, ficou decepcionada. Normal ela ter pensado em mim – já é clássica entre os meus amigos a minha estupefação ao descobrir que estava grávida de dois meninos. Numa família de quatro irmãs eu achava ter filhos uma missão tão impossível que me julgava incapaz dela – e em dobro ainda por cima. Absurdo ou não, um belo dia eu me vi mãe de meninos. Em dobro. E rapidinho me tornei entusiasta da causa.

Mas quando minha amiga chegou com o desafio eu ainda não estava pronta para dizer porque eu me sentia assim, feliz nessa condição. Conscientemente, eu me sentia apenas mãe de bebês, desses que comem, fazem cocô, choram e dormem, sejam meninos ou meninas. Eu nunca respondi o email da minha amiga – talvez porque eu ainda nem soubesse porque é bom ser mãe de menino. Mas agora eu tenho umas pistas.

Ser mãe de menino é bom porque a gente aprende um monte de brincadeira nova. Estacionamento de carrinho (com elevador), descer no escorrega de cabeça, se fantasiar com um monte de roupa ridícula e correr muito no parque, querer subir na árvore que nem os outros meninos sete anos mais velhos. Andar de bicicleta, triciclo e qualquer outra coisa com rodas – não importa a complicação da máquina, meninos não se preocupam sobre como se chegará ao final, coisa que eu, menina das meninas, nunca soube o que significa.

Ser mãe de menino é – finalmenteeeeeeeeeeeeee – jogar bola. Meu pai esperou quatro gestações por este momento (com um intervalo de quinze anos entre elas) e finalmente há alguém na família realmente entusiasmado com o objeto redondo. Ironia do destino, o mocinho animado com a bola troca qualquer roupa de gala pelo uniforme do náutico (influência paterna, com inicial minúscula) e poucas vezes portou, com imenso charme e majestade, o manto rubro-negro do Flamengo (não à toa maiusculizado).

Ser mãe de menino é, desde muito cedo, viver uma relação ambígua entre protetor e protegido. Apesar da responsabilidade ser toda sua, e apesar de todos os seus esforços nesse sentido, ser mãe de menino é ouvir seu filho dizer “totôa” quando você sai de casa – e estupefata perceber que ele está te aconselhando a abotoar o casaco; o frio lá fora, sabe como é. Uma sensação estranha – que você nega e contra a qual você briga, mas que permanece – de segurança ao agarrar aquela mãozinha, pequena e grande ao mesmo tempo.

Ser mãe de menino é ter com quem dançar aquele samba que seu marido acha chato. E melhor: você dança pensando que quando ele tiver o seu tamanho – ou muito mais que o seu tamanho – vai ser simplesmente perfeito dançar com alguém que aprendeu a dançar com você!

Ser mãe de menino é aprender muito rápido a sacudir a poeira e levantar sorrindo depois de uma queda, sem muito tempo para explicar onde é que dói – porque afinal de contas tem um escorrega, uma escada, um roda-roda e um cavalinho esperando e a gente não tem tempo a perder. E assim, aprender, finalmente, um pouco de praticidade na vida.

Ser mãe de menino é agradecer a Deus, pensando que eu bem precisava disso.

17 comentários:

G disse...

Oi Carol!
que lindo o seu texto. Eu morro de medo de ser mãe de menino, lá em casa éramos 6 mulheres (eu, três irmãs, mãe e avó), imagina! Mas essa parte da dança já me deixou mais interessada...

bjos,

Gi

p.s. família náutico e Flamengo ainda vai, imagina aqui em casa, Mengão e vasquinho segundona! hehehe

Soraya disse...

Oi Carol,
acompanho sempre seu blog e gostei muito deste texto, pois eu tb sou mãe de 02 meninos e tenho 02 enteados meninos... Não saberia, talvez, criar uma menina. Sou imensamente feliz por Deus tê-los colocado em minha vida...

Mateus disse...

Não existe naaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaada melhor do que ser mãe de menino!!!!! É um amor que não tem fim pela mamãe (coisa de Édipo??)e um aprendizado enorme pra mim que não convivia com nenhum primo nem irmão, somente mulheres...

Anônimo disse...

Carol,
Que lindo! Ser mãe de meninos é uma aventura deliciosa mesmo! Beijos, Ana e Kiko

Anônimo disse...

Como sempre, emocinante. Dá vontade de encomendar dois meninos imediatamente...

Anônimo disse...

Carol
Como é que pode? Você falou tudo!
Amei o seu texto.
Beijos
Mari

Renato disse...

Ia tudo maravilhosamente bem até a parte do "manto sagrado".

Anônimo disse...

todas nós bem que precisávamos disso!!! saudade com os dias contados, já. responde meu email, vai! um beijo enorme. sá.

Felipe disse...

Meninos são chatos. Um dia terei garotas. Lá em casa só tinha macho peludo que coça o saco. É bom ter um pouco de peitos e bundas em casa.

Paola disse...

Simplesmente perfeita sua definição. Eu hoje, mãe de um rapaz de três anos, nem lembro mais se algum dia quis ser mãe de uma menina...
Beijos, amiga

Anônimo disse...

Ah, mas que texto doce e emocionante!
E que saudade dos meus tres filhotes- hoje homões de 40, 38 e 35 anos.....e que ainda chegam aqui gritando manhÊEEEEEEEEE....
É amor para sempre, viu Carol?
E pode ter segurança, pois eles seguram mesmo a nossa mào- mesmo quando é a nossa que ficou pequena na deles.

machay disse...

Sei bem o que é ser mãe de meninos,pois tenho 2.Passei de protetora a protegida. Hoje saindo pela rua corro o risco de ser uma destas senhoras que gosta de garotinhos, pois saio abraçada ou de mãos dadas com os meninos(20 e 18) e não estou nem aí.
PS: Não posso deixar de dizer o quanto foi e é gostoso ser mãe de menina. Ter minha filhota, primogenita. Meu superego, minha amiga e confidente. D+
PS2:Bjs nos seus guardiões rsrsrs.

Anônimo disse...

eu sempre tive esse medo. mas o medo agora é menina ou menino, é de qualquer coisa. beijo da tia bella aos meninos de sorte e à mãe mais charmosa e poeta da cidade.

Larissa disse...

Ei, lindona! Quanto tempo!
Adorei o texto, principalmente porque eu sou louca pra ser mãe de menino (um dia, calma). Por ora eu vou acompanhando os seus, quando vc coloca fotinhas novas. Ó, anota meu e-mail aí: larissaguima@uol.com.br
Tô morando na Brasólia de novo!
bjs

Henry disse...

Tirando o Manto Sagrado. Ficou maravilhoso. Parabéns

Carol Nogueira disse...

Olha que beleza, é o adversário se curvando à superioridade do Flamengo. Em nenhum momento eu falo em "manto sagrado". É um cruzeiro e outro vascaíno que o reconhecem como tal. Fazer o quê.

Pat disse...

Lindo.