Freud explica com certeza, é o conforto do útero das minhas memórias de pequena. Minha mãe é bibliotecária, o que eu considero a profissão mais bacana que uma mãe pode ter. É para cá que eu vinha toda vez que a empregada faltava - e eu torcia para ela faltar. Claro que não exatamente para cá, mas dá no mesmo.
Quando parei de ir pela obrigação da falta da babá, passei a bibliotecar por opção – muito mais fácil se concentrar longe da televisão, do telefone. No segundo andar do anexo da Caixa ficava minha preferida em véspera de prova: caixotes individuais, luz boa, ventinho e biscoito Bono comprado no baleiro da porta do teatro. Na deliciosa bibliotequinha da 312 eu aprendi tão bem aprendido sobre os celenterados, poríferos, aracnídeos e afins que não só tirei nota alta na prova como até hoje me lembro do nome do oco no meio da esponja do mar: átrio.
Não faz mais sentido fugir do telefone nem da TV. Aqui estou eu, na biblioteca, com o telefone mudo ao lado e a irresistível wifi se insinuando para mim, de graça. Meu buraco é mais embaixo: é dos meus pequenos, de sua abençoada energia e e irresistível alegria que eu tenho que me esconder quando preciso estudar. Meus filhos me trouxeram de volta às bibliotecas da vida, e eu gosto de achar tudo isso meio cármico.
7 comentários:
E é cármico! Que eles possam se ssentir tão à vontade em meio aos livros quanto vc. Beijos :)
Cibelle
mas você não me engana: essa estante povoa a linda residência dos nogueira da costa lima! e eu tô levando na bagagem mais um daqueles que estão virando minha especialidade!! :) vou tentar terminar no caminho, e deixo contigo! combinado!? um beijo do tamanho da saudade! sá.
Adoro o seu blog!
Me identifico muito com o que vc conta, pq tambem moro em paris e no 16eme!
Achei muito engraçado a historia do pessoal deitado na grama pq passei na semana passada pelo Jardin des Tuileries e estava todo mundo tomando sol... Felicidades pra vc e sua familia
Um abraço
Mari
coisa linda de mãe. já imagino a quantidade de historinhas lindas que os pequenos vão contar só baseadas naquelas que eles costumam ouvir. beijo da tia bella que tem um monte de livros legais na estante e sente saudade também das bibliotecas cheias de ácaro do bacen e do frio da unb.
Meu sonho era ser bibliotecária, e minha mãe chegou a trabalhar na da câmara, mas temos uma alergia braba a papel :(... A minha preferida era a da UnB: o subsolo para 'papear', o andae do meio para pesquisar e o de cima para 'estudos pesados' :D
(Já cheguei a te contar que quase morei aí quando tinha 12 anos? Fico revoltada com o 'quase' até hoje...)
Carol, você é um luxo! E vai muito, muito longe mesmo! Um beijo e parabéns pelos três textos: sobre as bibliotecas (também tenho paixão e minha mãe também é bibliotecária, por culpa minha), sobre a morte e a perda de pessoas queridas, e sobre o papel dos leitores. Tudo 100%! Repito, você é um luxo! Sandra
Ca,
domingo de tarde, a turma vendo FlaXBota e eu aproveitando pra ver seus textos novos, que ja me fizeram chorar, ficar triste e alegre de novo ao reler sobre as bibliotecas na sua vida...muito bom...e cá estou eu aqui de novo, trabalhando numa delas... Quando voces voltarem quero ir à Biblioteca Nacional de Brasilia (esquisito isso, ne?) com voce e os meninos para conhece-la..bem mais humilde do que a BNF mas é uma grande conquista para Brasilia e para brasilienses como voce, que valorizam e tem amor às Bibliotecas..beijos. Te amo, Di Mãe
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