sexta-feira, maio 15, 2009

Imagina se ele gostasse

Saí de lá com uma sensação de urgência: eu preciso escrever isso. Num encontro com estudantes secundaristas de Paris, durante o Salão do Livro Latino-Americano, ontem à tarde, o Verissimo me disse (bom, fui eu quem perguntei) que não sente prazer em escrever. Que escreve por obrigação, por trabalho, para ganhar a vida. Se pudesse, seria músico. Não é fruição, ele não ouve o chamado da arte, não se sente impelido, ele não escreve porque precisa escrever para viver, é só aquilo mesmo: trabalho. Ganha-pão - e a palavra é dele.

Não é incrível?

Vou ficar dias pensando nisso, até porque eu preciso bem aprender essa lição. Quem quiser ver tudo o que ele falou, corre aqui no Noblat, na edição extra que eu fiz das Cartas de Paris. Pra ver a última edição regular, que saiu mais cedo e fala sobre a noite dos museus, o caminho é por aqui.

10 comentários:

Amanda Lourenço disse...

Pois é, parece que quem escreve por prazer não ganha nada por isso!

Mas eu fiquei mais chocada com a declaração da Clarice Lispector dizendo que não revisava seus textos, vomitava e pronto.

Unknown disse...

Olá! Adorei o blog! Parabéns pela inciativa e pode contar comigo como sua leitora habitual. Já está nos meus favoritos. Bon courage!Risos

Aline disse...

Quem diria... Como assim o Veríssimo não gosta de escrever?! Eu, quando tava na sétima série, sonhava em escrever tal qual Veríssimo!!
Carol, obrigada pelo recadinho querido!!

Sidnei Manoel Ferreira disse...

Escritor de de colossal talento, como Veríssimo, afirmar que não gosta de escrever. Surreal!

Com efeito ele é um apaixonado pela música, todavia, causa-me espécie pensar tanto talento usado à revelia.
Lá no cantinho dos sentimentos dele deve haver um pulsar pela mágica e intensidade das palavras.

Parabéns pelo blog, Carolina!!!

Solange disse...

Eu li e fiquei e pensei a mesma coisa que o título do seu post. (Ah, e uma vez cruzei com o LFV no aeroporto do Rio. Só de pensar em me apresentar a ele, como admiradora e prima (beeeeeem distante, mas prima de verdade) me deu calafrios e vontade de me jogar no primeiro burado que aparecesse. Timidez é genética, dizem. Pelo jeito, talento também, mas esse lado não puxei, infelizmente :D)

Ana Chalub disse...

"as aranhas não tecem suas teias por loucura ou por paixão"
h. gessinger

Unknown disse...

muito bom seu blog, e esse texto em particular. adoro o veríssimo, tanto o lado escritor como de músico, já até fui numa apresentação da banda de jazz dele, amoooo! bjo e bon,courage! rsss

Bella Soares disse...

Isso quer dizer que ele existe.

RC disse...

É mais ou menos como o meu caso. A diferença é que não ganho nada com isso.

Chiris disse...

chocada!
mas, continuando a citação da Ana Chalub, "se o sangue ainda corre nas veias, é por pura falta de opção"