sexta-feira, setembro 18, 2009

Independência ou falência

Desde que eu vim morar em Paris já aprendi (mal) tantos ofícios que estou apta a abrir um Senac quando eu voltar para o Brasil. Serviço aqui é tão, mas tão caro, que ou você mete a mão na massa ou vai a falência.

Para dar um exemplo ridículo: comprei uma calça jeans na promoção que custou € 7 - e para fazer a barra custou € 10. Ou melhor: custaria, porque ficou curto demais e a senhora teve que refazer. Alegando que eu concordei com o tamanho que ela havia marcado, ela propôs dividir o prejuízo do retrabalho. Resultado: diminuir cinco centímetros da barra de uma calça custou € 15. Façam o câmbio vocês, para eu não ter mais raiva.

Por essas e por outras, minha palavra de ordem aqui é me virar. Foi assim que me tornei auto-manicure, auto-depiladora e auto-cabeleireira (adulto e infantil, trabalhamos com penteados). De vez em quando, também sou auto-cozinheira e auto-faxineira.

Sou auto-instaladora de internet, auto-resolvedora-de-problemas-com-a-internet-que-não- funciona, auto-instaladora-de-rede-wireless (com muito orgulho!). Auto-fazedora-de-barras-de-calças, auto-fazedora-de-bolsas, auto-montadora-de-móveis-Ikea - enfim, isso é mais o Beto, mas pode me contar aí como auxiliar e/ou aprendiz.

Sou ainda auto-nutricionista e auto-professora-de-natação. Auto-carregadora-de-compras-do-mercado (com muito desgosto!). Mais recentemente, me especializei ainda como auto-frentista, auto-flanelinha e auto-gps.

Fala a verdade: fome eu não passo.

26 comentários:

Bel Butcher disse...

Eu acrescentaria, no meu caso, auto-pintora (de apartamento, que fique bem claro). auto-lavadora de roupas, também, mas auto-passadeira, jamais! Saio toda amassada, mesmo. Essa cultura do do-it-yourself não é fácil, não.

Amanda Lourenço disse...

Olha, entre os serviços, o que me impressionou mais foi o chaveiro: 100 euros pra copiar uma chave?! Pior que isso não tem como fazer em casa! O jeito e redobrar o cuidado para não perdê-la jamé!

déborah nogueira disse...

agora tô ainda mais orgulhosa! é que eu não faço nenhum auto-serviço.. vou te explorar quando você voltar pra mim! hihi

Aline disse...

Mostra alguma auto-bolsa! (e dá o passo-a-passo né)

Leandro Wirz disse...

Como manicure, vc vai bem. As unhas que aparecem na foto estão bem feitas... :-)

Leandro Wirz disse...

Como manicure, vc vai bem. As unhas que aparecem na foto estão bem feitas... :-)

Marielle disse...

Quando estive em Paris pensei que se tiver pique mesmo dá pra ganhar uns trocos revertendo os auto em hetero serviços, fazer a mão das amigas, cortar cabelo, fazer faxina, fazer bolo de cenoura por encomenda! Taí uma questã da vivência no primeiro e no terceiro mundo. In Brazil a gente vive que nem princesa (manicure, massagem, faxineira), mas aí que tem castelo!

Anônimo disse...

Morar no Brasil deve ser o sonho de qq europeu mesmo (tirando o clima, yuk!), como europeia de nascença todos esses auto-serviços são absolutamente naturais.
No Brasil existem pessoas para levar as compras a casa?!?
De VEZ EM QUANDO auto-faxineira e auto-cozinheira?!?
Por aqui essas coisas são todas de VEZ EM SEMPRE!
Agora entendo porque muitos brasileiros se sentem defraldados quando chegam à Europa...

P.S. O preço de fazer uma chave não são 100€ sempre, provavelmente esse é o preço de copiar uma chave de alta segurança, uma chave normal custa uns 2/3€

Denise e Zé Guilherme disse...

e a gente nem sonha do que é capaz, né?
parabéns! vou aprender isso tudinho quando eu crescer! (algumas eu já tô aprendendo...)
Todo mundo me dizia que eu não VIVERIA sem empregada fixa, babá e enfermeira pra Catarina...
Tô vivendo super bem, tenho dormido bastante à noite, me alimento bem e cuido da Catarina full time, ah e tenho feito meu trabalho em casa desde o dia que cheguei do hospital. Minhas unhas não andam lá essas coisas, mas ninguém morre por isso, né?


beijos,

Renato disse...

Auto-promoção.

Carol Jardon disse...

eu queria ser auto-manicure - não passo sem e gasto uma baba. Parabéns pelos dotes.

Solange disse...

Criada por um pai jeitoso, que por sua vez foi criado pelo avô alemão, eu odeio com todas as forças ter que depender dos outros. Tudo o que posso fazer sozinha, eu faço. O duro é que o meu digníssimo, fiel às origens, não só não faz *nada* que ele possa mandar alguém fazer como fica incomodadíssimo quando eu (e agora a filhota, que graçadeus me puxou) dou conta do serviço. Acredita que tive que instalar umas estantes na parede praticamente escondida? :D

Felipe disse...

"auto-instaladora-de-rede-wireless (com muito orgulho!)"

Só acredito vendo!!!

RC disse...

Faz o seguinte: traz umas calças jeans para mim por 7 euros que eu faço suas bainhas por 10.

Margareth Travassos disse...

Pois é, ontem fui dar uma de auto-costureira e tenho a impressao que arrasei um vestido. Vou leva-lo a uma costureira de verdade pra ver se tem conserto. Aie...ja to me preparando pra deixar meus euros tao dificeis de ganhar!

quilombra dos palmares disse...

carol, tb moro em paris e comecei a virar faz-tudo ha um bom tempo. voltando ao assunto dos servicos caros, uma copia de chave do meu apto custa 80 euros. tu ja aprendeu a fazer chaves tb? me avisa qualquer coisa...

Carol Nogueira disse...

Quilombra (amei seu nome!), não aprendi a fazer chaves ainda mas já tenho as manhas de como se salvar da facada quando você deixa bater a porta atrás de você. Com uma folha dessas de raio x qualquer pessoa consegue abrir as portas blindadas de Paris (obviamente desde que não estejam trancadas a chave). Sei disso porque uma amiga ficou presa do lado de fora e ela viu o depanneur chegar, abrir a porta dela com uma folha de raio x e ainda assim cobrar 90 contos pelo serviço. Você passa o raio x pela fresta da porta, forçando a lingueta da porta de baixo pra cima. Batata. Beijo!

Unknown disse...

Nossa, isso é ser auto-arrombadora de apartamentos!! :)
Carol Bombril, parabéns pelas mil e uma utilidades, quando eu morei na Filadélfia, fazia uma monte de coisa tb, mas NUNCA consegui tirar a cutícula. Resultado: quase dois anos
sem fazer as unhas.

Amanda Lourenço disse...

Ahahaha! Auto-arrombadora de apartamentos foi oteema! Morro de medo de me trancar do lado de fora, mas agora ja sei o que fazer!

Bel Butcher disse...

Então quer dizer que temos todos que andar com o raio x de pulmão que a gente faz logo quando chega? hum... vou ter que comprar uma bolsa maior!

Anônimo disse...

Olá Carol,

também sou brasiliense e moro no exterior (Inglaterra). Me identifico muito com os seus posts, talvez porque também tenho um filho pequeno (três anos) e tenho que resolver muitas coisas sozinha. Estive em Brasília em Julho e descobri que te conheçi lá há alguns anos. Você é muito amiga de uma amiga, a Melissa. Depois, descrobri que o meu irmão conhece o seu marido e que você trabalhou com outra amiga na câmara e por aí vai. Boa sorte na sua nova jornada para encontrar outro começo. Sei como é isso.

Renato disse...

Uai, cê num precisa sair do país pra aprender essas coisas.

Lá no interior de Minas, minha mãe, tias, avó, até hoje fazem pão, bolo, biscoito (a maioria, muito mais gostoso do que as de Paris e de Brasília, por exemplo). Também costuram, lavam e passam. Ainda bordam, fazem ponto de cruz (é isso mesmo?) e criam meninos sem babás. Umas fazem as unhas das outras e quase todas pintam o cabelo em casa. Meus tios levantam e pintam paredes. Instalam rede elétrica e dão manutenção. Eu e meus irmãos lavávamos e passávamos cera no carro do véio, além de podar a grama, trocar as telhas quebradas e ajudar os homens grandes a pintar a casa.

P.S.: Já limparam caixa de gordura?

machay disse...

Caixa de gordura já é demais né!...
Aqui no Brasil o que seria do pessoal de poucas oportunidades se todos fossemos auto... Parabéns Carol! Os meus guris estão indo morar em outra cidade. Vamos ver se eles aprendem a ser auto rsrsrs.Bjs.

G disse...

As unhas estão l-i-n-d-a-s!

Reginaldo Macêdo de Almeida disse...

O Brasil tem muitos defeitos sim, mas só vivendo noutro país pra ver como os outros também possuem os seus, às vezes muito mais irritantes que os nossos.

Aqui no México é igualzinho (mas mais barato é claro), mas quando morei na Espanha presenciei exatamente os mesmos problemas narrados no post, uma gente careira, preguiçosa e e um serviço de péssima qualidade.

Eu quase diria que o Espanhol e o Francês nisso são bem parecidos: burrinhos, burrinhos. Uma gente tapada, como a senhora que fez a barra da sua calça.

Ana Chalub disse...

ai, adoooro essa coisa de a gente mesma fazer tudo. sério. sou auto-manicure e auto-depiladora há muitos e muitos anos. auto-cabelereira, há três - depois que uma profissional fez uma merda no meu cabelo. furar paredes, pregar quadros e trocar tomadas são minhas especialidades. se quiser uma ajudinha, nem me incomodo em dar um pulinho aí em paris. beijos!