Pensar olhando no vazio e fixando a vista bem adiante é o que é exige cojones. O quadro colorido no fundo da sala, o movimento dos transeuntes que transeuntam, o olhar do outro te fisgando, querendo crer que é ele o objeto dos seus pensamentos – que no entanto estão longe, léguas, milênios-luz de distância. Todas as coisas do mundo se insinuam ao seu fluxo louco e bobo de sinapses, pedindo por favor para entrar na história – mas o pensamento segue forte, firme, indelével.
Queria mesmo era dizer daquele momento fugaz, que dura um só segundo, em que o seu olhar fixo no fundo dos olhos do homem na cadeira defronte sai lá do interior da sua própria cabeça e pousa onde ele já se encontrava aparentemente: no fundo dos olhos do homem da cadeira defronte. Em um segundo, a mudança de foco: do infinito para os três metros que separam os olhos dos olhos – e só então a troca de olhares, que na prática já se produzia há cinco minutos, enfim acontece.
Para, óbvio, desacontecer em seguida.
10 comentários:
tão Cortázar esse post...
adoro demás!
nossa, eu me vi no seu post. agora.
Primoroso!
Nada a ver desviar o olhar quando eles se encontram. Olhos de lince, patas de urso.
Esse blog esta nume fase muito poética! Mas não aquela poesia que fala, fala e a gente não entende muita coisa, mas uma poesia em prosa bem clara que consegue passar exatamente o que vc esta pensando de forma bem simples! Adorei o texto! Pq não tem como não se identificar com ele!
diria Leminski, que quem está por fora não segura um olhar que demora...muito legal o texto!
:-D
parece cena de filme...
:-D
parece cena de filme...
pensar no vazio faz a gente tremer e isso é bom.
Um belo post. Claro que o blog ganhou meus favoritos.
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