Terça-feira passada ouvi de uma amiga querida a história de uma carteira perdida que havia sido encontrada por um homem muito simples, no interior de São Paulo. Sem saber ler, ele pediu ajuda a vendedoras de uma loja para encontrar o dono avoado.
Deixou com elas seu nome, endereço e um recado: “diga a ele que lá dentro tinha vinte reais, que eu peguei porque estava precisando muito. Está aí meu endereço, peçam para ele passar lá em casa no final do mês que eu devolvo o dinheiro”.
Pausa para a comoção da brasileira que ama essa gente humilde que vontade de chorar.
“Isso não acontece em Paris. Impossível”, sentenciei com a convicção de algumas más experiências.
Pois três dias mais tarde subi numa bicicleta rumo ao canal Saint Martin, do outro lado da cidade. Usei minha carteira para alugar a velib’ e tentei usar de novo, coisa de uma hora mais tarde, ao final do trajeto. Ela não estava mais lá.
Eu perco muito as coisas. Já perdi três celulares desde que me mudei pra cá. Toda vez que acontece, eu fico muito puta da vida comigo mesma – com o perdão da palavra. Tem hora que só um palavrão, e é o caso.
Foi muito puta da vida que eu cancelei todos os meus cartões, franceses e brasileiros, e prestei queixa na polícia de todos os documentos perdidos. Como estamos na França, um formulário para cada documento, em duas vias, sivuplé.
Poucas horas mais tarde, o telefonema da babá dos meninos, que dormia com eles em casa. Acharam a carteira. Foram até a minha casa devolver.
Liguei na mesma hora agradecida. Profundamente agradecida. Por terem me devolvido a carteira – e a fé.
13 comentários:
sabe que uma vez (1978, faz tempo!) eu perdi uma carteira na estrada (parei num posto/restaurante de estrada, coloquei ela em cima do carro p/ guardar alguma coisa, fechei o carro e deixei a bonitinha lá em cima), e uns dez dias depois recebi a coitadinha pela correio, toda atropelada por mil carros que passaram por cima.
a pessoa que achou, ligou na minha agência bancária p/ conseguir meu endereço, olha só o trabalho!
tem gente legal, né?
Comigo aconteceu diferente. Um conhecido achou uma carteira cheia de dinheiro, pegou o dinheiro pra ele e ia jogar a carteira fora. (tbm existe gente ruim neste mundo). Eu fiquei puta da vida e peguei a carteira. Ai entrei num dilema: "se eu devolver, o cara vai pensar que eu peguei o dinheiro". Mas como tava cheia de documentos, liguei pra pessoa e devolvi. Disse que tinha achado no chão. Se ele achou que fui eu que peguei o dinheiro, paciência!
carol, você é igual à minha mãe ! Prevejo dias terrtíveis para os teus filhos, que terão que ajudar você o tempo todo ! rsrsrs! Beijo !
"Só por HOJE não terei medo de nada. Em particular, não terei medo de crer na bondade"
Beijos
Kia
Existe pessoas boas em qualquer lugar do mundo.
Quanto a viver perdendo as coisas, lembrei do meu pai, que deixa minha mãe doida todos os dias para procurar as coisas que ele perde. É carteira, chaves, dinheiro, documentos. Ele guarda tão bem guardado que nem ele mesmo sabe onde.
Beijis Sicrana
E o que tem mais valor: a carteira ou a fé?
ps.: Em 1996, perdi minha carteira nos EUA. Nunca apareceu.
A única vez que eu perdi uma carteira foi na fila do check in no Aeroporto de Fortaleza. Aparentemente a mesma estava perdida dentro do meu bolso de trás, e quem a achou neste mesmo bolso de trás nunca me devolveu...
Não perdi carteira, mas a agenda plena de informações no BB. Fui ao BB no dia seguinte e .....surpresa devolveram a agenda intocável. Não precisei de formulário mas do anjo que me devolveu.
Não sei se você vai se lembrar, mas teve uma história de um gari - acho que no Rio - que devolveu um envelope com uma grana preta dentro (tipo uns 10 mil reais). Nessas horas também tenho vontade de chorar.
Bom, procurando no google não achei essa história, mas achei de um gari no espírito santo. Ele achou 12 mil reais e uns quebrados e devolveu. Na época, ganhou um cheque administrativo de 1.000 reais. Mas o interessante é que um padre arrecadou exatamente a mesma quantia que o gari achou para dar pro cara. Segundo o padre o que o gari fez foi uma vitória dos valores éticos. Enfim, tudo meio torto, mas bonita a história.
Acabei de voltar da casa da moça que encontrou minha carteira. Levei um pudim de leite num prato bem bonito que eu comprei pra ela e um cartão. Conversamos um pouco, ela com o cabelo todo pra cima de quem tá no meio de uma faxina, eu com a mão toda melada de caramelo do pudim. Feliz como a vida deve ser. :)
Beijos pra todos os believers like me.
Caro, taí! Vou perder minha carteira hoje para ver se funciona. :P
hum, pudim. Quero achar carteiras, agora.
Postar um comentário